Mais do que celebrar profissões e direitos, o Dia do Trabalhador pode ser um convite silencioso à alma: quem sou eu quando trabalho? O que move minha dedicação, meus limites, meus medos e minhas escolhas? No ritmo acelerado do mundo, é raro pararmos para perceber que, ao trabalhar, não levamos só habilidades, cursos e diplomas — levamos também nossa história familiar, nossos vínculos profundos, e os sobrenomes que nos formam. Trabalhar é construir identidade, ocupar um lugar, deixar uma marca, é pertencer. 6k6y3f
Do ponto de vista psicológico, o trabalho está intimamente ligado à formação do “eu adulto”. Ele nos dá estrutura, rotina, dignidade e, muitas vezes, nos ajuda a compreender quem somos fora dos papéis familiares. É pelo trabalho que nos diferenciamos dos nossos pais e ancestrais, mas também é por ele que, inconscientemente, podemos levar a diante um legado: uma lealdade familiar.
Na visão sistêmica, muitos dos desafios que enfrentamos na vida profissional — dificuldade de reconhecimento, sabotagem no sucesso, medo de se expor, relacionamentos tóxicos com colegas ou chefes — não têm origem apenas em escolhas racionais, mas sim em lealdades invisíveis ao nosso sistema familiar.
Quantos filhos permanecem em profissões que não os realizam para atender às expectativas dos pais? Quantos repetem o destino de fracasso ou instabilidade de um avô, como forma inconsciente de pertencimento? Quantos se recusam a “ter mais” para não parecerem desleais com aqueles que tiveram menos?
Bert Hellinger dizia que o trabalho é o lugar onde servimos ao mundo. E para servir verdadeiramente, precisamos estar livres. Livres da necessidade de provar algo, de carregar pesos que não são nossos, de buscar aprovação onde não há nutrição.
O trabalho pode ser uma bênção ou uma prisão — dependendo do lugar interno de onde ele parte. Quando nos colocamos a serviço da vida com integridade e consciência, o trabalho se torna canal de realização e não de compensação. Ele deixa de ser um fardo e se transforma em força.
ado o evento de comemoração ao Dia do Trabalhador, que possamos refletir: o meu trabalho expressa quem eu sou ou quem eu “precisei ser”? Há fidelidades inconscientes limitando meu crescimento? Eu posso, finalmente, me autorizar a prosperar?
Trabalhar é servir à vida — mas para isso, é preciso antes estar em paz com a história de onde viemos.
Te vejo em terapia.
Terapeuta integrativa. Constelação Familiar e Reiki. Psicoterapeuta. Graduada em Psicologia desde 2008. Insta: @gabybernardi.
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